"Certo rei tinha por primeiro ministro um sábio e santo homem.
Havendo feito uma viagem à Palestina, o primeiro ministro impressionou-se
profundamente com o que lhe disseram de Cristo, convertendo-se. Ao
voltar, não fez segredo da nova fé e disse seguir o Salvador que veio ao
mundo libertar os pecadores. O rei observou-lhe: - Quando quero que
alguma coisa seja feita, dou ordens aos servos e eles cumprem-nas. Pois
por que viria ao mundo o Rei dos reis e por que encarnaria, se com uma
palavra poderia salvar os homens? O vizir pediu-lhe prazo de um dia
para a resposta e ordenou a um bom carpinteiro que fizesse um boneco e o
vestisse exatamente como se vestia o filhinho do rei, que tinha um ano de
idade. No dia seguinte o carpinteiro deveria fazer a entrega. E quando
neste dia, rei e vizir se encontravam juntos num barco e o soberano pediu a
resposta, surgiu na praia o carpinteiro com o boneco. O rei estendeu o
braço para receber o que, aparentemente, era o seu filho; mas o carpinteiro
segundo as instruções do ministro, deixou-o cair à água. Imediatamente o
rei se atirou ao rio para salvar o filho que se afogava. E o vizir gritou: -
Senhor, não é necessário que te atireis à água! Ordena-o e eu me atirarei.
Mais tarde, refletindo sobre o incidente e suas lições o rei comentou: - Foi
o amor paternal que me impeliu. - Pois foi também o amor o motivo pelo
qual, para salvar o mundo, Deus, Todo-Poderoso encarnou, em lugar de
simplesmente pronunciar uma palavra - replicou o vizir"
Extraído do livro: O Apóstolo dos pés sangrentos
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