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terça-feira, 17 de maio de 2011

Saúde Pública

Prática do clareamento de pele cresce em bairros pobres da Jamaica


KINGSTON - Mikeisha Simpson, 23 anos, cobre o corpo com um creme branco em uma tentativa de evitar o sol forte da Jamaica. Mas ela não está preocupada com o câncer de pele. A moradora de um gueto de Kingston espera transformar sua cor em um tom comum entre a elite jamaicana. Ela acredita que uma pele mais clara pode ser o passaporte para uma vida melhor. Então, gasta suas economias em misturas baratas do mercado negro que prometem mudar sua pigmentação.
Médicos dizem que o fenômeno de clareamento de pele atingiu proporções perigosas nos bairros pobres da Jamaica. Os cremes de branqueamento não são efetivamente regulamentados no país, comercializados por vendedores ambulantes nas calçadas de mercados de rua. Algumas pessoas chegam a recorrer a misturas caseiras de pasta de dente ou pó de caril, que podem manchar a pele.
O Ministério da Saúde da Jamaica não tem dados sobre danos causados por agentes clareadores de pele, embora dermatologistas e outros funcionários da saúde falem sobre um grande número de casos. Eva Lewis-Fuller, diretora do Ministério de Proteção e Promoção da Saúde, afirma que os programas de educação para combater o branqueamento estão sendo redobrados. A Jamaica é um país com população predominantemente negra, de 2,8 milhões de pessoas, mas imagens de pessoas de pele clara se destacam em comerciais e páginas sociais de jornais.
A tendência ao clareamento de pele está despertando um crescente debate público. Funcionários da Saúde espalham avisos nas estações de rádio locais, colocam cartazes nas escolas, realizam palestras e distribuem informativos sobre os perigos da prática. Mas uma campanha anti-branqueamento semelhante feita em 2007, chamada "Não Mate a Pele", não conseguiu diminuir o fenômeno.
O uso a longo prazo de um dos ingredientes dos cremes de branqueamento, a hidroquinona, tem sido vinculado a uma condição desfigurante chamada ocronose, que causa um escurecimento manchado da pele. No Japão, na União Europeia e na Austrália, a hidroquinona foi removida de produtos de pele e substituída por outros agentes químicos, devido a preocupações sobre os riscos à saúde. Nos EUA, cremes contendo hidroquinona até 2% são reconhecidos como seguros e eficazes por parte da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos EUA. A proibição proposta pelo FDA em 2006 fracassou.

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/04/14/pratica-do-clareamento-de-pele-cresce-em-bairros-pobres-da-jamaica-924238565.asp

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